Por Celeste Osairanle
Observando nossa vida antes de nos iniciarmos no Ase é que podemos perceber a importância e a riquesa do culto Olorisa. É interessante como de uma hora para outra nos tornamos filhos de alguem que nunca vimos, irmãos de pessoas com princípios totalmente desiguais. É inexplicavel como entramos naquele espaço mágico, dormimos naquele lugar estranho, rodeados por pessoas tão diferentes! Na camarinha conhecemos a verdadeira lição de humildade, e criamos confiança no desconhecido e com ela nos tornamos fortes. Passamos de filosofos, doutores e professores a meros aprendizes da magia da fé e da transformação interior. Buscamos a sabedoria espiritual e conselho nas palavras da Iyalorisa, pessoa tão simples, que apenas sabe, através do espírito, o caminho certo, e a hora certa.No cotidiano do Ile Ase, encontramos uma infinidade de recursos para vivermos melhor, e apesar de estarmos em contato com o que há de mais simples na terra, as vazilhas de barro, a água da talha, a comida livre dos condimentos, dos congelados e enlatados, dormindo em chão de barro muma esteira, acordando com o canto do galo, nos sentimos ricos e confortáveis. Sabemos o quanto o espirito cresce em nós. A nossa alma vôa, e renascemos. E é naquele dia de festa onde todos a nossa volta olham através de nós para nosso Orisa, com satisfação e oargulho, que sentimos que há uma chance, a grande chance para recomeçar. E sabemos que o candomblé não vai acabar, não vai ser corrompido ou transformado pelos ideais de uns poucos que se vendem e que acham que algo tão intocável poderá ser modificado pelos falsos. Que poderá ser simplismente revelado no salão da igreja universal. Nós, que realmente fomos iniciados, sabemos que a grande magia, não será representada num palco, num shoow de dança afro, nem em nada que signifique o fim de nossos mistérios.
Publicado no Informativo Alfiona/2002 nº4
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